Entre o amor que oferecemos e as feridas que ainda carregamos,
existe uma tentativa sincera de fazer diferente.
Ser pai ou mãe é, muitas vezes, uma jornada de cura. Tentamos
proteger nossos filhos das dores que um dia nos marcaram. Derramamos amor,
cuidado, presença — como se pudéssemos apagar nossas próprias cicatrizes com os
gestos que oferecemos hoje. Mas nessa tentativa de acertar em tudo, também nos
perdemos um pouco, confundindo o que eles precisam com aquilo que nos faltou.
Educar, afinal, é tão humano quanto imperfeito.
Tentamos, a todo instante, ser pais perfeitos. Carregamos na
alma as cicatrizes da infância — memórias guardadas em uma caixa que preferimos
não abrir. Não queremos que nossos filhos sintam dor, medo ou solidão. Queremos
que eles falem, desabafem, confiem. Queremos ser melhores do que foram conosco,
talvez até tentar curar em nossos filhos a criança ferida que um dia fomos.
Mas, nessa ânsia de acertar tudo, acabamos derramando amor demais, cuidado
demais, como se isso pudesse reescrever o passado. E sem perceber, criamos
neles o peso da nossa esperança. Como se o agora pudesse apagar o que um dia
nos doeu.
Seguimos aprendendo, tentando, ajustando o passo. Porque ser mãe
é também um reencontro com quem fomos e quem ainda podemos ser.
Com carinho, Lara – mãe de meninas